sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

PREMIO DE CULTURA DO ESTADO DO RJ 2009

Os convidados do Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro de 2009, ao chegarem à Praça Tiradentes, na da última quarta-feira, dia 10 de fevereiro, foram surpreendidos com o Teatro João Caetano de cara nova - e em clima de festa.


O prédio do João Caetano ganhou uma roupagem especial, assinada por Gringo Cardia. A obra/intervenção inclui um painel com uma réplica de Portinari, pintura das fachadas, adesivos nos vidros, além de tinta epox azul no chão do foyer.



Premiação


O Prêmio de Cultura do estado do Rio de Janeiro - resultado da unificação dos prêmios Golfinho de Ouro, Estácio de Sá e o do Governo do Rio de Janeiro - foi entregue aos vencedores das 15 categorias por personalidades relacionadas à cultura, moda, gastronomia, e também, ao esporte. Cada área teve três indicados, selecionados a partir de sugestões recebidas pela internet. Os vencedores, escolhidos no dia da premiação pelo Conselho Estadual de Cultura, receberam o troféu (inspirado na obra do artista plástico Barrão), além de R$ 10 mil.


A cerimônia, comandada pelo ator Bruno Mazzeo, que estava caracterizado como o maestro Heitor Villa-Lobos, foi marcada pela descontração e irreverência. Durante a premiação, a plateia gargalhou com os improvisos do comediante, que fez da apresentação uma bate-papo informal.


Na categoria Música Popular, anunciada por Fernanda Abreu e Nelson Sargento, a vencedora foi Maria Gadú – cantora de 22 anos que teve sucesso estrondoso e aparentemente relâmpago no ano de 2009, apesar de estar na estrada desde os 13.Mas Gadú não compareceu ao teatro. Bruno Mazzeo não perdeu a oportunidade: “Vi no Twitter que Maria Gadú está fora do Brasil”. Em turnê na Itália, a artista foi representada por seu empresário, que recebeu o troféu em seu nome.


O maestro Roberto Minczuk e o jovem estudante de violino Diego Frazão anunciaram os indicados para Música Erudita. A contemplada foi a Sociedade Musical Bachiana Brasileira – orquestra que mescla o repertório tradicional com o contemporâneo.


Na categoria Teatro, anunciada pelos atores Anderson Quak e Sérgio Britto, a vencedora foi a Festa Internacional de Teatro de Angra (FITA) – que inclui a Região da Costa Verde no roteiro das grandes produções teatrais. O Presidente da FITA, o jornalista João Carlos Rabello, se emocionou ao falar sobre a alegria do projeto patrocinar a ida de 11 mil crianças carentes pela primeira vez ao teatro, e, ainda, ressaltou a expectativa de receber 100 mil pessoas no próximo ano.


A bailarina Ana Botafogo e o sambista Delegado anunciaram o vencedor na categoria Dança, o bailarino brasileiro Irlan Santos, criado na comunidade do Complexo do Alemão. Aos 19 anos, Irlan integra o American Ballet Theatre e protagonizou recentemente o documentário inglês Only When I Dance, exibido na televisão britânica.


Bruno Mazzeo convidou ao palco, para entregar o prêmio na categoria Registro o cineasta Eduardo Coutinho e o compositor Hermínio Belo de Carvalho. O vencedor foi Evandro Teixeira, fotógrafo que clicou milhares de cenas históricas do país, desde o golpe military de 1964 à posse do presidente Lula. Evandro agradeceu ao apoio do governador Sérgio Cabral, de Ana Arruda Callado, presidente do Conselho Estadual de Cultura (CEC), e destacou a importância do Prêmio de Cultura para o Brasil, para o Rio e principalmente, “para mim”.


A categoria Patrimônio Material foi anunciada pelo fotógrafo Dom João de Orleans e Bragança e o jornalista Sérgio Cabral. Venceu o Museu Casa do Pontal, que possui em seu acervo cerca de oito mil peças de 200 artistas e é considerado pelo Conselho Internacional de Museus “o único do país que permite uma visão abrangente da vida e da cultura do homem brasileiro”. Os vencedores agradeceram o reconhecimento da obra do artista autodidata Mestre Vitalino que este ano faria 100 anos.


Apresentaram o vencedor na categoria Patrimônio Imaterial, Vágner Love, jogador do Flamengo, e a sambista Tia Surica: o professor Bráulio Nascimento – considerado um dos maiores especialistas em Patrimônio Histórico e Imaterial, ele sempre valorizou e respeitou a preservação da herança popular. Ele dedicou o prêmio à esposa Raimunda, “pelos nossos 50 anos de casamento”.


Os indicados na categoria Empreendedorismo foram apresentada por José Júnior, do AfroReggae e Ruy Campos, da Livraria da Travessa. O Festival Vale do Café levou o prêmio, por espalhar concertos de música instrumental em praças, igrejas e fazendas históricas do Vale do Paraíba, Vassouras e Barra Piraí. Os vencedores agradeceram pelo apoio ao evento que fomenta cursos de música e bolsas integrais para mais de 30 jovens.


A apresentação dos indicados na categoria Circo ficou a cargo da palhaça Currupita e do palhaço Márcio Libar, do Teatro do Anônimo. Sagrou-se vencedor o Circo Baixada, projeto que oferece atividades circenses, percussão, teatro, dança, canto e artes plásticas para as crianças daquela região do estado. Os representantes do Circo Baixada agradeceram a indicação e a possibilidade de ajudar crianças em situações de risco e vulnerabilidade. E informaram que o circo vai se transformar em Ponto de Cultura.


O cineasta Nelson Pereira dos Santos e os diretores do 5xFavela apresentaram os indicados da categoria Audiovisual. O Cine Mais de Bom Jesus de Itabapoana foi o vencedor. Nos agradecimentos, Jorge Ferreira, idealizador do projeto, deixou clara a sua felicidade ao realçar que o governo valoriza e dignifica a arte do cinema, em todo o território fluminense, permitindo que crianças que nunca foram a uma sala de exibição possam ter esta alegria, através deste projeto.


Na categoria Literatura, o Presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça, e o jovem poeta Omar Salomão foram encarregados de anunciar a vencedora: Ana Maria Machado, escritora, e imortal da ABL. A escritora falou sobre a felicidade de ser reconhecida na sua terra natal e agradeceu, primeiramente, aos seus leitores.


A marionete Lucy Devassa, do espetáculo Avenida Q – interpretada pela atriz Sabrina Korgut – chamou ao palco os diretores de musicais Cláudio Botelho e Charles Möeller para entregar o prêmio de Comunicação. Esta categoria teve como vencedora a ensaísta Heloísa Buarque de Hollanda, que em 2009 lançou sua autobiografia, Escolhas (Língua Geral), em comemoração aos seus 70 anos. A pesquisadora tem como principal interesse a ligação entre cultura e desenvolvimento nas áreas da poesia, gênero e etnia, culturas marginalizadas e cultura digital. A neta de Heloísa, Dora, representou a avó porque a escritora está trabalhando nos EUA, de enviou um texto para ser lido, onde falava da emoção de ter sido contemplada e que, mesmo de longe, não poderia deixar de agradecer ao Governo do Estado e à Secretária Adriana Rattes pelo apoio.


A categoria Artes Visuais foi representada pela pintora Beatriz Milhazes e pelo grupo Flesk Beck Crew. Ganhou o prêmio Carlos Vergara, artista plástico que exemplifica a diversidade criativa da arte contemporânea brasileira e transita com fluidez por técnicas variadas. O artista, com 50 anos de carreira, considerou o prêmio seu título de cidadão carioca.


O estilista Carlos Tufvesson e o folião do Blocos de Clóvis de Madureira, Marcos Jasmim, anunciaram a vencedora na categoria Moda : Adriana Fernandez, que conseguiu fazer de sua loja um verdadeiro cartão postal de Búzios, onde está radicada há 17 anos. A estilista cria peças em estilo retrô e exporta para diversos países.


O prêmio de Gastronomia foi entregue pelas chefs Roberta Sudbrak e Chupetinha de Vigário Geral à Casa de Artes de Machadinha – uma fazenda histórica em Quissamã, que foi restaurada para preservar, entre outras artes e relíquias, o sabor único da comida típica da roça. O troféu foi recebido pelo representante da Prefeitura de Quissamã, que salientou a importância de preservar as raízes do sabor e as antigas receitas da cozinha caipira.


Participações Especiais

Entre as premiações, números musicais e de dança de gêneros diversos animaram a platéia. O coletivo de artes XPLAU, Telecotecnofunk, o grupo de choro Tira Poeira, o DJ Sanny Pitbull, misturaram seus sons com a voz rascante de Elza Soares, diante de um telão com imagens aéreas de favelas do Rio. A Sociedade Musical Beneficente Euterpe Friburguense, banda que este ano completa 147 anos, fez uma entrada pela platéia tocando Fibra de Herói, um dobrado de Guerra Peixe. A coreógrafa Deborah Colker mostrou um trecho do espetáculo 4 por 4, tocando uma sonata de Mozart no piano, enquanto quatro bailarinas de sua companhia dançavam.


Homenagens

O prêmio foi dedicado ao teatrólogo Augusto Boal, que desenvolveu o Teatro do Oprimido. Para lembrá-lo um vídeo rodado especialmente para a ocasião reuniu diversos artistas – Paulo José, Camila Pitanga, Othon Bastos, Milton Gonçalves – cantando a música Meu Caro Amigo, composta, por Francis Hime e Chico Buarque, no período em que o teatrólogo estava exilado em Portugal.


Augusto Boal desenvolveu o Teatro do Oprimido, método que lhe rendeu, em 2009, a nomeação de embaixador da Unesco para o Teatro, honraria inédita para um brasileiro. Consagrado artisticamente nos anos 60 e 70, por sua atuação no Teatro de Arena de São Paulo e autor de peças premiadas, traduzidas para mais de 20 idiomas, Boal sempre acreditou na arte como meio de transformação social. Em 1986, inaugurou o Centro do Teatro do Oprimido (CTO), na Lapa, no Rio de Janeiro, onde trabalhou 23 anos, até sua morte, em 2009.


Outra grande homenagem da noite foi feita à atriz Fernanda Montenegro pelos seus 60 anos de carreira, ao maestro Heitor Villa Lobos, pelos 50 anos de morte, e aos 40 anos do movimento Funk Carioca, levando ao pé da letra o lema "tamo junto e misturado".


O multi-artista Michel Melamed prestou tributo à atriz com um monólogo emocionado sobre a impossibilidade de se homenagear devidamente uma gigante das artes que não tem paralelo.



Ao subir ao palco, Fernanda Montenegro foi recepcionada pelo governador Sérgio Cabral, que lhe entregou um buquê de flores. Muito emocionada, a atriz afirmou que não merecia tamanha reverência, pois é "apenas mais uma trabalhadora, igual a tantos outros que não possuem uma luz em cima". Ela fez questão de relembrar os amigos que a acompanharam na carreira, como o ator Sérgio Britto, ali presente, além daqueles que já morreram, como Paulo Autran, Raul Cortez, Gianfrancesco Guarnieri, Ida Gomes e Fernando Torres.


Além da Secretária de Estado de Cultura, Adriana Rattes, e da presidente do Conselho Estadual de Cultura, Ana Arruda Callado, também participaram do evento o governador Sérgio Cabral e a primeira dama, Adriana Ancelmo, o representante do Ministério da Cultura, Adair Rocha, a Secretária Municipal de Cultura, Jandira Feghali e os secretários de Estado da Fazenda, Joaquim Levy, e de Educação, Teresa Porto, entre outros.


No encerramento do prêmio foi a vez do Funk subir ao palco para não deixar ninguém parado. Primeiro MC Sabrina cantou uma versão ousada do clássico de Villa-Lobos, Trenzinho do Caipira, acompanhada de DJs e um conjunto de cordas. Em seguida, os MCs Sapão, Buchecha, Leonardo e Júnior colocaram os convidados para "descer até o chão". Os presentes foram convidados para subir ao palco em um grande baile no Teatro João Caetano, cantando os maiores sucessos do gênero. No fim, estavam todos verdadeiramente juntos e misturados.


Fonte:http://www.cultura.rj.gov.br

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