sexta-feira, 1 de julho de 2011

LANÇAMENTO DO CD : ALÉM DA RAZÃO - XARÁ

Onze faixas para descobrir uma razão de ir além
Um disco de rap à altura do destaque que o gênero tem tomado na cena musical: a soma de tudo que a gente sabe - razão - com tudo que a gente sente - além.

Por Jeovanna Maria

Além: advérbio de lugar que indica mais a frente, mais profundo, mais adiante.
Razão: substantivo feminino que dá significado às faculdades de raciocinar, de aprender, de compreender, ponderar e julgar, segundo Houaiss. 'Além da Razão' intitula o primeiro álbum solo do Xará, com produção de Damien Seth.
Mais adiante que um encontro profissional, a parceria iniciada em 2005, trouxe o Xará de volta à música depois de seis anos, resultou em projetos, singles de sucesso, um selo independente e agora o primeiro disco, lançado pela Blade Rio. Xará e Damien Seth conseguiram promover uma reunião de grandes nomes da cena e músicos gabaritados em onzes faixas, com elogiado projeto assinado pelos artistas gráficos Vagner DoNasc e Wilbor. A embalagem do álbum - no formato dos saudosos compactos - é plano de fundo de uma história que começa pela forma e não termina com a mensagem: as composições do Xarizzo, reúnem personagens autobiográficos e os anti-heróis na sucessão das onze faixas instigantes, sensoriais e cinemagéticas. Se eu não pudesse ver, não poderia cantar (Xará) Igor de Mello Alves é a antítese do estereótipo e roteirizou suas histórias utilizando o Rio de Janeiro como locação - de Madureira para todo canto da cidade. Se valendo de referências cinematográficas, Xará só pode cantar porque pode ver cada cenário de beleza e de caos, cada herói e cada bandido se representando e tomando forma a medida que seus versos estão sendo escritos, na dinâmica do noticiário, inspirado na poesia de Arthur Rimbaud, nos ensinamentos de Salassie e Sun Tzu. Em um misto de atenção com as palavras escolhidas e a surpresa do palavrão inesperado, Xará escreve suas cenas com a inventividade de Woody Allen enquanto dá um rolé despretencioso com Spike Lee.
Um pai de família - ao avesso do que Xará representa na vida real - é interpretado por André Ramiro, na faixa "Dias de Chuva" com participação de Polly Marinho. Em "Olha pros neguinho", com Emicida, Xará reverbera as necessidades fúteis enquanto as indispensáveis passam despercebidas por quase toda uma geração. Na faixa homônima ao disco, "Além da Razão", com participação de Shaw, a guerra particular é mesclada com as guerras motivadas pelo lado ruim da razão. Em todas as faixas Xará se reflete, no cotidiano de um homem comum, com talento de poucos. A construção dos versos está embuída de uma rica narrativa que nos remete imediatamente à uma construção visual no tempo de cada track, isso porque as referências estão ali, e são explícitas de maneira natural e honesta: Xará mostra em que fonte bebe, ao contrário do camelo que tem medo da água cessar. A representação do universo de cada um é o próprio Saara e é preciso mais que sensibilidade e juízo, para fazer arte das experiências empíricas: "deixa a pele arder, até o sol passar. É só não se perder, o chão tá no lugar". Porque ainda segundo Houaiss, a razão é a faculdade intelectual que distingue o ser humano dos outros animais.


1 - Olha pros neguinho
2 - Dia de chuva
3 - Deixa eu dizer
4 - Highway
5 - Estação quinze
6 - De role
7 - Mais luz
8 - Andarilho
9 - Raízes
10 - Hoje eu sei
11 - Além da razão

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