quarta-feira, 8 de junho de 2011

LANÇAMENTO : GUTIERREZ - AGORA CHORA

Particularmente hoje é um dia muito especial , tenho uma ligação bem forte com esta música lançada por Gutierrez , já havia lançado este single aqui no Blog há um tempo atrás , em uma versão ao vivo de sua apresentação na FM 94 , ele pediu para que retirassemos do ar o post e foi prontamente atendido , pois colaboramos com seu trabalho e não tinhamos a intenção de pular os parâmetros de sua filosofia de trabalho , era apenas uma forma de já ir divulgando o som através deste espaço .
Segui ouvindo a música diariamente e me identifiquei muito com a letra forte , visceral e clara , com uma pré-produção que já nos dava uma noção do que realmente estava por vir , o momento oportuno chegou e hoje todos teremos a sensação e a oportunidade de ouvir , ouvir , ouvir e ouvir
uma das melhores letras do ano , com uma das melhores produções do ano , e uma das melhoresauto-interpretações da década , o RAP BRASILEIRO passa por uma fase mágica e vitoriosa , fico grato em poder fazer parte e compartilhar este momento .
Leiam abaixo e entendam melhor o post com a sinopse sobre o novo trabalho de Gutierrez.

Um rap sujo como um poema de Gullar, pesado de fazer cair reboco da parede
"Criando raps entre ruínas e prédios"

por Jeovanna Maria

Fui tomada pela sensação de que a história estava toda ali escrita, nos versos da impactante "Agora Chora", que Gutierrez apresenta hoje ao público. Um lamento de um cangaceiro das ruas, autobiográfico, sem censura. Um rap sujo, como é sujo o poema de Ferreira Gullar, um som pesado, de fazer cair o reboco da parede, como definiu Damien Seth, produtor do primeiro disco de Gutierrez, "enRIQuecer". Fui tomada pela sensação de que as palavras sobrariam, porque de forma visceral e transparente, Gutierrez descreveu as mazelas de todo mundo que tem um sonho e já pensou em desistir. Dizer mais o quê?
A voz agressiva e a personalidade inconfundível de Gutierrez estão refletidas nos versos de "Agora Chora", acompanhados por um rock que se esboça presente e representa o estado mental do compositor, no momento da criação. A melodia é cadenciada pela bateria de Vidaut (Maldita) e pelos pianos de Donatinho, numa produção assinada por Damien Seth e o caboverdiano GOLBeats.
Nascido Vitor Andrei Costa, o carioca de 30 anos, que se batizou Gutierrez por conta de um padre jesuíta, lançou a demo "Esse é Meu Reino" (2004) e a "Corpo Fechado Mixtape" (2009). Para 2011, Vitor Andrei, Bandido Prodígio e Gutierrez se encontram para sintetizar na faixa lançada pela Blade Rio, o sofrimento durante o percurso em busca do êxito.
Reunindo algumas referências de sua formação e rendendo homenagens a alguns gênios - gêmeos na arte - que partiram cedo, "Agora Chora" nos convence de que na intimidade, somos todos sucetíveis, inclusive ao sucesso: "Sou Heath Ledger, sou Jimmy Hendrix. Axl se drogando sem lançar Chinese Democracy, mais estranho que Matrix, mais autista que Madlib. Speed, Primo e Sabotage vencendo antes de partir".
Enquanto mixava a faixa, Damien Seth escreveu em sua página pessoal do microblog: "Muito alto, muito grave. Caiu reboco do teto". O francês contou histórias sobre a concepção da letra de "Agora Chora". Gutierrez havia abandonado o rascunho, depois de fazer as duas primeiras estrofes. O lamento ficou por alguns anos empoeirado, em algum lugar de difícil alcance. A crueza e a falta de dó em rasgar o ouvinte com a verdade de sua catástrofe, me remeteu ao poeta consagrado, o rei de todas as coisas sujas, pesadas e importantes, Ferreira Gullar.
Gullar começou a compor a obra "Poemas sujos" em uma década e terminou em outra, descreveu o que corta, o que machuca e o que faz parar o homem diante da realidade sem firula, justamente como Gutierrez se apresenta nessa faixa. Não, não é uma comparação entre estilos, tampouco uma tese estilista, é simples como parece: se escrever é contar aquilo que se vê, Gutierrez viu a cidade o hostilizar, assim como Gullar, e os dois nos convidam a enfrentar nossos infernos particulares e chorar a falta de graça inerente ao pretendido sucesso de cada um de nós. É sobretudo um convite a chorar agora, deixa arder, até o próximo verso que chama a vitória, sem dar de ombros aos escombros, aos restos e às ruínas, que fazem de cada um de nós as fortalezas que somos. Porque todo mundo vai rir depois.

Para saber mais sobre o artista e outros acessem o portal BladeRio.com

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