sexta-feira, 5 de agosto de 2011

NA ZONA SUL DO RJ NOVOS ESPAÇOS PARA EVENTOS E SHOWS DEVEM ACABAR COM A ESCASSEZ DAS REDONDEZAS

Sala 1 do Teatro Fashion Mall. Foto Divulgação

RIO - Show é o que não falta no Rio: nos próximos dias, tem de Milton Nascimento (nesta sexta-feira, no Citibank Hall, na Zona Oeste) a Evergrey, banda de heavy metal sueca (domingo, no Teatro Odisseia, no Centro), passando por jazz, bossa nova e gêneros diversos. Mas a revelação do hip-hop Flying Lotus não vem, apesar de se apresentar em São Paulo e Araraquara, ainda este mês. O Warpaint, também não. Nem o Black Label Society, o Stiff Little Fingers e o Destruction, só para ficar em atrações que estarão em São Paulo nas próximas semanas. A histórica razão - a escassez de bons espaços para shows no Rio - tornou-se ainda mais aguda com o fechamento de casas como o Ballroom, o Scala e o Canecão, todas, coincidentemente, na Zona Sul.

Pois agora, a região, que vem se virando com shows de segunda a quarta-feira no Teatro Oi Casa Grande e noitadas bissextas em espaços como o Sérgio Porto e o Tom Jobim - e está ameaçada de ver a Sala Baden Powell virar espaço exclusivo de teatro -, parece ensaiar uma recuperação. Em setembro, o Studio RJ, versão carioca da bem-sucedida casa de shows paulistana Studio SP, abre as portas em Ipanema, no local do extinto Jazzmania. Em outubro, o Teatro Tereza Rachel, em obras, após 12 anos fechado, será reinaugurado, com espaço também para shows e performances. Entre dezembro deste ano e janeiro de 2012, será a vez da Miranda, na Lagoa, um projeto da presidente do grupo MPB Brasil (da rádio MPB FM), Ariane Carvalho, que, segundo ela, será uma "experiência de cultura", um espaço multimídia, com palco voltado para a Lagoa, no segundo andar do Estádio de Remo (hoje parte do Espaço Lagoon). Engordando a safra de novos espaços, Ecila Mutzenbecher, sócia dos teatros do Leblon e do Fashion Mall, irá abrir a programação de uma das casas (ela ainda não sabe qual) para shows e musicais. Até o ano que vem.

Homenagem à Pequena Notável

Reprodução da planta da casa de shows Miranda / Foto Divulgação

Entre todos os projetos, a novidade do momento atende pelo nome de Miranda. As obras da casa, batizada em homenagem à Pequena Notável, já começaram e transformarão o salão num local para espetáculos musicais e teatrais, com 750 metros quadrados, opções gastronômicas e um arranjo de mesas que permitirá acolher de 300 a 600 espectadores. Será a retomada da vocação cultural do estádio, que nos anos 1980 sediou antológicos shows de rock.

Há cerca de quatro anos Ariane estava de olho no local.

- Sempre quis ter uma casa de música ao vivo na Zona Sul, mas tinha dificuldades de encontrar um espaço que fosse razoável em termos de tamanho. Não há hoje uma casa onde 300 pessoas possam se sentar confortavelmente - diz a empresária.

- Será uma casa para falar com um público qualificado e exigente - conta Maitê Quartucci, diretora da Miranda, ex-diretora artística do grupo Tom Brasil e que ajudou a implantar o Vivo Rio.

Os ingressos, ela diz, acompanharão o perfil. Ou seja, não serão baratos. Apesar de restrições no >ita

Maitê promete que o som, cujo projeto ficou a cargo de Filipe Pires, será tão parrudo quanto o de qualquer casa grande.

- A Carmen Miranda representa o que a gente quer ser como casa. Era multimídia antes de se inventar o termo.

A programação, diária, deve abranger todas as vertentes artísticas. As segundas-feiras serão de palestras e talk-shows sobre música; as terças, de teatro, com stand-up, monólogos e pequenos espetáculos; as quartas, de música instrumental e artistas novos. Há planos também de fazer séries dedicadas à bossa nova, para atrair os turistas. De quinta a sábado, a casa receberá shows de grandes artistas da música brasileira. Aos domingos, rodas de samba.

- Queremos resgatar as temporadas, ter o mesmo show durante um mês, um mês e meio. E fazer ensaios abertos - diz a empresária, que, por enquanto, não tem uma atração definida para os primeiros dias da casa. - Ainda queremos trazer artistas internacionais que tenham ligação com a MPB, como Esperanza Spalding, Madeleine Peyroux, Julieta Venegas e Jorge Drexler.

Enquanto isso, em Ipanema, a esquina pontuda entre as avenidas Vieira Souto e Rainha Elizabeth já deveria estar soprando novos sons, no que dependesse dos sócios Plínio Profeta, Ale Youssef e Luis Antônio Cunha. Mas obra é obra, e o Studio RJ promete encerrar a sua a tempo de abrir as portas no dia 20 de setembro.

- Agora está indo superbem - anima-se Plínio. - Íamos manter o teto, mas começamos a mexer e a descobrir coisas. É uma casa antiga, né? Em frente à praia... E tinha aquele teto rebaixado que achatava o lugar. Não sabíamos que o pé-direito era tão alto, e isso deu uma nova impressão. Parece que a casa cresceu uns 200 metros. O Rio precisa voltar a exercer sua vocação para entretenimento noturno. Ainda mais na praia, onde tudo acontece de dia, e nada à noite.

Além das mudanças no espaço, a casa promete emprestar roupagem nova também à cena musical da cidade. No tal dia 20, Plínio recebe amigos-músicos em jam sessions. Para o público, a abertura será dia 22, ainda sem atração definida. Mas uma coisa é certa, será um artista carioca. O Studio RJ assume com a missão de ocupar um espaço vago desde o fim do Cinemathèque, ano passado: casas de pequeno e médio porte que abrem o palco para novos artistas.

Na lista dos sócios estão acertados shows com Lucas Santtana, Karina Zeviani, Tulipa Ruiz, Tiê, Criolo, Rubinho Jacobina, Kassin, Domenico, Karina Buhr, Moreno Veloso, Emicida, Curumin, Thalma de Freitas, Del Rey, Júlia Bosco e Pedro Luís. Cada noite será montada com show seguido de festa.

Obra onde será o Studio RJ. Foto Guito Moreto / Agência O Globo

Do instrumental ao clássico

Em Copacabana, começaram esta semana as obras do Teatro Tereza Rachel, arrendado por dez anos pelo produtor Frederico Reder. O novo Terezão usará 1.300 metros quadrados para criar duas salas, uma com 700 lugares e outra com 200. Além das montagens teatrais, haverá shows e performances. A reabertura do lugar - inaugurado há 40 anos com o show "A todo vapor", de Gal Costa -, em outubro, terá Bibi Ferreira comemorando 70 anos de carreira.

Ecila Mutzenbecher, sócia dos teatros do Leblon e Fashion Mall, deve definir nos próximos dias qual das salas vai ganhar nova função, abrigando shows e musicais.

- Percebi que havia uma enorme demanda - ela diz. - Como não sou da área de música, busquei parcerias para imaginar a programação e adaptar uma das salas. Fechamos com as produtoras Aventura e Dell'Arte, e vamos dividir o espaço, com shows de música, de instrumental a clássica, de segunda a quarta, e musicais de Charles Möeller e Cláudio Botelho, de quinta a domingo.

É um bom começo. Resta saber o que acontecerá com o Canecão, fechado há um ano, e ainda sem destino certo.

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