Vigário Geral é o território da multiplicidade, é o lugar onde a tristeza, apesar de todos os problemas, não teve como se impor. A luta cotidiana dos moradores, a criatividade, a arte, a força que insiste em existir nessa comunidade não têm limites para se expressar. E assim, ela contagia a cidade. Por isso, não há endereço mais apropriado para que o AfroReggae tenha um Centro Cultural e ele se chame Waly Salomão.
O poeta Waly Salomão conheceu o AfroReggae bem cedo, quando o grupo ainda dava seus primeiros passos. Para os amigos – artistas, intelectuais, jornalistas – Waly sempre o anunciava como a grande novidade daquele início da década de 1990, como a iniciativa cultural mais importante dos últimos tempos. Naquela época, o discurso do poeta parecia um exagero. Na verdade, era uma profecia.
Para José Junior, Coordenador Executivo do AfroReggae, Waly foi um de seus principais gurus.
“Waly sempre me dizia que eu era bom, que eu tinha potencial. Acabei acreditando”. Junior sustenta que o Centro irá incrementar as relações em Vigário Geral.
— Queremos movimentar a favela, não apenas o lado sociocultural, mas econômico também. A ideia é cada vez mais gerar trabalho e renda no local através das novas possibilidades de comércio que vão surgir por causa do burburinho do CCWS.
Waly costumava chamar o Junior, de “mestre das conexões”. A história do AfroReggae é a demonstração na prática dessa sentença e o CCWS o seu símbolo mais evidente. A ideia é borrar as fronteiras na cidade: norte e sul, favela e asfalto, preto e branco. As diferenças se tornam um pretexto não para o conflito, mas para o diálogo.
Pra garantir o êxito do processo, há um náipe de curadores que ajudará a promover eventos diversos para badalar e dinamizar as atividades locais: Guti Fraga no teatro; Cacá Diegues e Karen Barros no cinema; Angel Vianna e Gisele Tapias na área de dança; e Rafael Dragaud e Ecio Salles na de música. As palestras ficam por conta de Zé Marcelo Zacchi.
Com investimentos do BNDES, Petrobras, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Instituto Unibanco e Instituto Rukha, o prédio do CCWS tem 1,4 mil m2, quatro andares, as cores do Grupo Cultural AfroReggae (GCAR) – verde, amarelo, vermelho e preto – e a proposta de atrair os jovens com atividades gratuitas e vasta programação. Lá há o Estúdio Red Bull de Batidas Eletrônicas, único do estilo em toda a América Latina; o Natura Musical, estúdio de gravação, mixagem e masterização que permite a produção de CDs com qualidade profissional; e também o Auditório Itaú Cultural, para teleconferências, seminários e projeções de vídeo. Na Sala Futura, os visitantes encontram videoteca, cdteca e biblioteca; e na Sala de Ensaio Santander, com mais de cinco metros de altura, um espaço ideal para atividades de teatro e circo. O Centro conta ainda com o espaço Faetec Digital, uma sala com 17 computadores com rede wi-fi, além de salas de música para aulas particulares e a Sala Corpo Nestlé, para oficinas de dança. O projeto gráfico é de Luiz Stein.
O Centro Cultural Waly Salomão começa a operar com aulas de percussão, dança, mantra, bateria, guitarra, tai chi chuan e basquete. As novidades, contudo, não serão restritas ao prédio. Em frente, há a praça Tropicalismo, para apresentações gratuitas de teatro, dança, shows musicais e exibições audiovisuais.
Este é um espaço para fazer diferença, para remixar a cidade e juntar as pessoas. Ele garante que se rompam, como queria o Waly, a linha de fronteira entre nossos seres e os seres alheios. E pra celebrar este grande acontecimento, o AfroReggae, em parceria com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, faz uma grande festa em Vigário na próxima quarta-feira, dia 26 de maio, as 14 horas. O evento contará com a participação do governador Sérgio Cabral; a apresentação será de Luciano huck e Regina Casé; e os shows ficam por conta do AfroMix (reunião dos diversos grupos artísticos do AfroReggae), Caetano Veloso, Gilberto Gil, Adriana Calcanhoto, Jards Macalé, O Rappa e Omar Salomão.
O CCWS: ANDAR POR ANDAR:
Primeiro andar:
Ø Faetec Digital: contém 17 computadores, todos com rede wi-fi.
Ø Sala Futura: biblioteca, cdteca e videoteca.
Ø Estúdio Red Bull de batidas eletrônicas: comandado pelo DJ Sanny Pitbull, único estúdio de batidas eletrônicas da América Latina. Possui MPC (bateria eletrônica), dois toca discos, um CDJ e um computador.
Ø Auditório Itaú Cultural: auditório com capacidade para 30 pessoas. Projetado para abrigar projeções de filmes, seminários, teleconferências e debates.
Ø Núcleo social: onde fica a coordenação do núcleo de Vigário Geral.
Ø Núcleo comunitário: composto de psicólogos, assistentes sociais e pedagogos que auxiliam os alunos e seus familiares.
Segundo andar:
Ø Estúdio Natura musical: estúdio de gravação, mixagem e masterização. Possibilita a produção de CDs com qualidade profissional.
Ø Sala de ensaio Santander: com 5,28 metros de altura, é ideal para a concepção de espetáculos teatrais, circenses e musicais. Abrigará também aulas de circo.
Ø Camarins
Terceiro andar:
Ø Coordenação artística
Ø Sala Corpo Nestlé: com espelhos, bases e chão de madeira, é propícia para todos os tipos de dança.
Quarto andar:
Ø Espaço multiuso Ricardo Guimarães: aberta para conferências, reuniões e palestras.
Ø Três salas de música, para aulas particulares.
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